Mais do que nunca, a humanidade está numa encruzilhada. Um caminho leva-nos à desesperança, o outro à destruição total. Rezo para que tenhamos o bom senso de escolher o caminho certo. Woody Allen

Sexta-feira, 14 de Dezembro de 2007
Bom Dia
Borboletas!!!
 MySpace and Orkut Butterfly Glitter Graphic - 3

Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com outra pessoa,

você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.

Percebe também que aquele alguém que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você,

definitivamente não é o alguém da sua vida.

Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e,

principalmente, a gostar de quem também gosta de você.

O segredo é não correr atrás das borboletas...

É cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar não quem

você estava procurando,

mas quem estava procurando por você!

 

Mário Quintana


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Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2007
Acordar é viver

 



Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
*
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
*
Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?
*
Ninguém responde, a vida é pétrea.

Autor: Carlos Drummond de Andrade

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Segunda-feira, 3 de Dezembro de 2007
A arte de ser feliz

 


Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam
de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
*
Autor: Cecília Meireles


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Domingo, 2 de Dezembro de 2007
Um belo poema para Domingo

 

Rosa pálida, em meu seio
Vem querida, sem receio
esconder a aflita cor.
Ai! a minha pobre rosa!
Cuida que é menos formosa
*
Porque desbotou de amor.
Pois sim... quando livre, ao vento,
Solta da alma e pensamento,
Forte de sua isenção.
Tinhas na folha incendiada
O sangue, o calor e a vida
Que ora tens no coração.
*
Mas não era, não, mais bela,
Coitada, coitada dela,
A minha rosa gentil!
Curvavam-na então desejos,
Desmaiam-na agora os beijos...
Vales mais mil vezes, mil.
*
Inveja das outras flores!
Inveja de quê, amores?
Tu, que vieste dos céus,
Comparar tua beleza
Às folhas da natureza!
Rosa, não tentes a Deus.
*
É vergonha... de quê, vida?
Vergonha de ser querida,
Vergonha de ser feliz!
Porquê? Porquê em teu semblante
A pálida cor da amante
A minha ventura diz?
*
Pois, quando eras tão vermelha
Não vinha zangão e abelha
Em torno de ti zumbir?
Não ouvias entre as flores
Histórias de mil amores
Que não tinhas, repetir?
*
Que hão-de eles dizer agora?
Que pendente e de quem chora
É o teu lânguido olhar?
Que a tez fina e delicada
Foi de ser muito beijada,
Que te veio a desbotar?
*
deixa-os: pálida ou corada,
Que isenta ou namorada,
Que brilhe no prado flor,
ue fulja no céu estrela,
Ainda é ditosa e bela
Se lhe dão só um amor
ALMEIDA GARRET (1799-1854)

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Sexta-feira, 23 de Novembro de 2007
Sono

 


Hypnos - Ivan Pinkava - Fotógrafo checo - n.1961

Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança não conheço diferença que se sinta.

Fernando Pessoa in Livro do Desassossego



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Terça-feira, 20 de Novembro de 2007
Joseph Brodsky

Querida, hoje saí de casa já muito ao fim da tarde
para respirar o ar fresco que vinha do oceano.
O sol fundia-se como um leque vermelho no teatro
e uma nuvem erguia a cauda enorme como um piano.

Há um quarto de século adoravas tâmaras e carne no braseiro,
tentavas o canto, fazias desenhos num bloco-notas,
divertias-te comigo, mas depois encontraste um engenheiro
e, a julgar pelas cartas, tomaste-te aflitivamente idiota.

Ultimamente têm-te visto em igrejas da capital e da província,
em missas de defuntos pelos nossos comuns amigos; agora
não param (as missas). E alegra-me que no mundo existam ainda
distâncias mais inconcebíveis que a que nos separa.

Não me interpretes mal: a tua voz, o teu corpo, o teu nome
já não mexem com nada cá dentro. Não que alguém os destruísse,
só que um homem, para esquecer uma vida, precisa pelo menos
de viver outra ainda. E eu há muito que gastei tudo isso.

Tu tiveste sorte: onde estarias para sempre – salvo talvez
numa fotografia - de sorriso trocista, sem uma ruga, jovem, alegre?
Pois o tempo, ao dar de caras com a memória, reconhece a invalidez
dos seus direitos. Fumo no escuro e respiro as algas podres.

Joseph Brodsky, 1989
in "Paisagem com Inundação”,
traduzido do russo por Carlos Leite,
Edições Cotovia, em 2001

:

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Domingo, 18 de Novembro de 2007
Um poema de amor para domingo

Lúbrica

Mandaste-me dizer,
No teu bilhete ardente,
Que hás-de por mim morrer,
Morrer muito contente.

Lançaste no papel
As mais lascivas frases;
A carta era um painel
De cenas de rapazes!

Ó cálida mulher,
Teus dedos delicados
Traçaram do prazer
Os quadros depravados!

Contudo, um teu olhar
É muito mais fogoso,
Que a febre epistolar
Do teu bilhete ansioso:

Do teu rostinho oval
Os olhos tão nefandos
Traduzem menos mal
Os vícios execrandos.

Teus olhos sensuais
Libidinosa Marta,
Teus olhos dizem mais
Que a tua própria carta.

As grandes comoções
Tu, neles, sempre espelhas;
São lúbricas paixões
As vívidas centelhas...

Teus olhos imorais,
Mulher, que me dissecas,
Teus olhos dizem mais,
Que muitas bibliotecas!

Cesário Verde



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Quarta-feira, 14 de Novembro de 2007
Seus Olhos
Seus olhos --- se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou ---
Não tinham luz de brilhar.
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.
Divino, eterno! --- e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, num só momento que a vi,
Queimar toda alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.
Almeida garrett

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Domingo, 21 de Outubro de 2007
Coisa Amar

Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente


e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas


maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

 

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.


Contar-te logamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.


Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

 

Manuel Alegre


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